Pensamento da semana

"But we're never gonna survive, unless we get a little crazy"

Seal - Crazy
.

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Capítulo II - parte 2


Se você ainda não percebeu, estou postando partes de uma história que estou escrevendo. Existe uma possibilidade de um dia eu terminar essa história, mas enquanto esse dia não chega, vou postando o que já tenho por aqui. Isso não significa que necessariamente vou postar tudo que escrever.


CAPÍTULO II – Ainda antes de tudo começar (parte 2)

O fato é que um dia o pequeno Leonardo descobriu que tinha talento para matemática. Na verdade, não foi bem assim. Ele descobriu que tinha talento para questionar. Era do tipo que vivia perguntando aos mais velhos perguntas para as quais eles não tinham resposta satisfatória, simplesmente porque não sabiam a resposta. Eram clássicas como: “por que o céu é azul?”, “por que surge o arco-íris após a chuva”, “por que o Sol sempre nasce ao leste?”, “por que tenho olhos azuis?”, “por que me vejo refletido no espelho?” e a pior de todas “por que 1+1=2?”
Evidentemente, ninguém iria lhe explicar toda a óptica, ondulatória ou astrofísica e genética básica simplesmente por que ninguém sabia disso. E mesmo que soubessem não iriam explicar, o que é uma pena, já que Leonardo preferiria que o fizessem.
E assim um dia aos oito anos, observando o luar após o jantar com sua mãe, Leonardo fez a pergunta que mudaria sua vida. A coisa aconteceu mais ou menos assim:
- Mãe, quantas estrelas existem no céu? – ele perguntou curioso.
- Infinitas, meu filho – respondeu Lilian com ar de quem sabia o que dizia. De fato, ela não sabia, mas não tinha ciência disso.
 - Mas ... – hesitou – ... como assim infinitas?
- Ora, Leonardo, infinitas. Não tem fim. É um número infinito de estrelas. – disse isso, mas não tinha certeza do que estava dizendo.
- Ah – respondeu ele, mas com o pensamento longe.
Isso tranqüilizou Lilian, pois não saberia conduzir a conversa se ela continuasse.
- Mas o que é infinito, mãe? – tornou a perguntar instantes depois, obviamente inconformado com a última resposta de sua mãe.
Ela tentou uma explicação:
- Ah, infinito é algo muito grande, sem fim. Como as estrelas. Ou os grãos de areia da praia. São muitos grãos de areia. São infinitos.
Obviamente isso estava totalmente errado, visto que tanto o número de estrelas no céu quanto o número de grãos de areia da praia são finitos, embora sejam números bem grandes. Ela realmente desconhecia o fato que muito grande é completamente diferente de infinito.
Leonardo também não sabia disso, mas sentia que tinha algo errado com aquela explicação. Deixou por isso mesmo. E decidiu que um dia saberia o que é infinito. Decidiu que procuraria respostas para as suas perguntas e que não descansaria até encontrá-las. Subitamente ele percebeu que o conhecimento era a resposta. Estava certo, daquele dia em diante ele buscaria o conhecimento.
Sim, era isso que ele buscaria.
E desde então ele passou a ler vários livros da pequena biblioteca do seu avô. Aprendeu matemática básica facilmente. Não é para menos, na escola ele sempre foi um excelente aluno. O melhor da turma. O pequeno gênio. Enfim, ele leu muitos livros, mas a maioria eram contos ou romances. Havia poucos livros de matemática ou ciências naturais na biblioteca. Ficou por isso mesmo.
Aos nove anos, Leonardo demonstrou pela primeira vez sua genialidade matemática. Gênios precoces são coisa rara de encontrar, mas se você quiser encontrar um é mais provável que encontre entre os matemáticos. Leonardo é um exemplo disso. Outro exemplo é Carlos Frederico Gauss, um famoso matemático do Norte, como se pode perceber pelo seu sobrenome.



Você pode ler o resto disso na parte três que um talvez eu poste aqui.

domingo, 26 de fevereiro de 2012

Capítulo II - parte 1

Não sei por que ainda estou postando esses trechos do livro que estou escrevendo. Deveria ser segredo editorial, mas enfim, na falta do que postar, vai isso mesmo.
Essa é a primeira parte do segundo capítulo. Novamente, críticas serão bem vindas, mas não necessariamente acatadas.

CAPÍTULO II - Ainda antes de tudo começar


Quando Manoel abandonou sua mulher e seus três filhos toda a cidade comentou o fato. Dizia-se que ele conheceu uma vadia do Leste e fugiu com ela para aquelas bandas levando parte das jóias da família e duas garrafas de um caríssimo vinho produzido nas melhores terras do Norte. Nunca mais foi visto, mesmo quando Leonardo peregrinou pelo Leste, mas isso é outra história.
Nessa época Leonardo tinha sete anos. Tinha duas irmãs: Ana Maria, dois anos mais nova que Leonardo, e a caçula Maria Madalena de apenas um ano. Depois de uma semana chorando por causa da safadeza do ex-marido, Lílian percebeu que seria mãe solteira e o peso da criação dos filhos cairia todo sobre ela e então ela passou mais uma semana chorando por causa disso. A criação dos filhos, porém, não seria problema, pois a família estava disposta a ajudar e a família era dona de um terço da cidade.
Quero dizer, na verdade, a criação dos filhos é sempre um problema. O que podemos mensurar é o quão problemático é o problema. Filósofos e pensadores dedicaram parte de suas vidas tentando achar a melhor maneira de criar um filho de modo que ele tenha uma boa educação e os pais tenham uma boa saúde mental. Após muitos debates chegou-se a duas conclusões. Primeira, não existe essa melhor forma. Segunda, quando seu filho der algum trabalho, amarre ele num toco ao meio-dia e dê-lhe dez chibatadas com pimba de boi. Filósofos garantem que ele dificilmente voltará a se danar.
 Leonardo cresceu ao lado das irmãs e dos primos. Estavam acostumados a brincar juntos, subir em árvores juntos, correr pelados pela rua juntos, quebrar as coisas juntos, apanhar juntos e por aí vai. Eram realmente gente de boa saúde e muita energia. E Leonardo era de longe o mais esperto de todos.
Houve uma vez, por exemplo, em que ele, acidentalmente, diga-se de passagem, pôs fogo no piano de cauda do avô Basílio. Este quando soube do ocorrido ficou vermelho de ira, mas estava racional o suficiente para pensar qual seria o melhor castigo para o neto. Depois de muito pensar ele concluiu que uma tradicional pisa de cinto e um dia inteiro sem comer não seriam suficientes, mas já era alguma coisa.
Quando foram procurar o garoto perceberam que o mesmo tinha uma habilidade enorme para se esconder. De fato, Leonardo sempre ganhava no pique - esconde, mas seus esconderijos já estavam ficando manjados. Procuraram nesses lugares e nada. Era evidente que ele não estava lá, pois ele era muito esperto é não seria ingênuo o suficiente para se esconder lá. Acabou que procuraram por ele a tarde inteira e ninguém o acho. Alguns teriam dito que ele foi abduzido, mas como a crença em seres extraterrestres ainda havia sido incrustada no imaginário popular, isso não faz sentido nenhum.
Assim, a raiva inicial causada pela destruição do piano transformou-se em preocupação generalizada causada pelo sumiço do garoto. Leonardo não voltou para casa para o jantar. Muito menos estava em sua cama na hora de dormir ou na hora de acordar no dia seguinte. Mas estava à mesa na hora do café-da-manhã saboreando um delicioso bolo de milho. Sua mãe quase não acreditou quando ele entrou pela porta da frente, sentou a mesa, cortou uma fatia de bolo e começou a comer. Com a maior naturalidade do mundo. E a maior cara de pau também.
 - Esse bolo tá bom. Tô com muita fome – foi o que ele respondeu a alguma pergunta que sua mãe fez, pergunta essa cuja resposta não deveria ser a resposta que Leonardo deu.
Vou lhes dizer onde Leonardo esteve. Sabendo que sua travessura não sairia barato, ele resolveu que deveria se esconder. De preferência num esconderijo muito bom, onde ninguém pudesse lhe encontrar. Após um minuto de reflexão lhe ocorreu que este lugar poderia ser dentro do que sobrou do piano queimado, que agora estava jogado no quintal da casa do avô. E foi exatamente para lá que ele foi munido apenas com um saco de azeitonas. E lá passou a tarde e a noite. E como havia previsto, ninguém teve a idéia de procurá-lo lá. Quando a fome apertou e ele refletiu um pouco e concluiu que a raiva inicial já deveria ter se transformado em preocupação, e então ele voltou para casa.
Poderia falar mais sobre isso, mas acho que já está enchendo o saco.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Resenha: Praticamente Inofensiva

“A história da Galáxia ficou meio confusa por vários motivos: em particular porque aqueles que tentavam acompanhá-la ficaram meio confusos, mas também por que coisas incrivelmente confusas aconteceram de fato.”




Esse é o começo do último livro da coleção O Guia do Mochileiro das Galáxias. Assim como o a história da Galáxia, este livro é confuso, mas se pararmos para pensar bem, todos da coleção são confusos. Mas esse em particular, bem...
O fato é que eu não gostei do livro. Não tanto quanto gostei dos outros. Mas parece ser opinião generalizada que poderíamos passar sem este quinto livro e ainda assim teríamos uma excelente coleção. Na verdade a história teve um final digno no final do quarto livro. Não foi perfeito, mas diria que foi apropriado. E então Adams resolve escrever um quinto livro, com uma história meio destoada do resto. Não acho que isso tenha sido necessário.
Devo dizer, é claro, que o livro tem pontos bons e trechos interessantes. A história geral é que é meio confusa e na verdade a própria existência do livro é confusa. O estilo é o mesmo de sempre, cômico e crítico, partes hilárias e talvez tenha sido isso (e a curiosidade) que me fizeram ler tudo. Enfim, em resumo, o livro não é ruim (já li bem piores), mas comparado aos outros deixa a desejar. E o final é uma merda, mas com certeza foi um final apropriado para um último livro. Mas não gostei. O final do quarto livro cairia bem melhor.
Um breve resumo do livro: em um universo alternativo, Tricia não foge com Zaphod antes da destruição da Terra e torna-se um jornalista meio decadente. E na verdade, neste universo a Terra não foi destruída. Arthur se perde de Fenchurch e passa a vagar pelo universo tentando voltar para a Terra, sem sucesso até que acaba num planeta bem chato. Ford descobre que algo de muito estranho está acontecendo no Guia. E a Trillian de outro universo torna-se uma jornalista intergaláctica de sucesso. Tudo isso junto e misturado numa confusão só. No final, bem, no final só lendo para saber. Vou logo avisando: eu não gostei.
Trecho:
“Durante um bom período de tempo houve muita especulação e controvérsia sobre onde tinha ido parar a chamada ‘matéria perdida’ do universo. Por toda a Galáxia, os departamentos de ciências das universidades mais conceituadas estavam adquirindo equipamentos cada vez mais elaborados para sondar e vasculhar o núcleo de galáxias distantes e, depois, o próprio núcleo e as margens de todo o universo. Quando finalmente chegaram a uma conclusão, descobriram que, na verdade, o que estavam procurando era exatamente o material que servia para embalar os tais equipamentos.”

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Resenha: Até Mais, e Obrigado pelos Peixes

“Naquela noite escureceu cedo, o que era normal para aquela época do ano. Frazia frio e ventava bastante, o que também era normal.
Começou a chover, o que era particularmente normal.
Uma espaçonave aterrissou, o que não era.”




Essas são a primeiras linhas de ‘Até Longo, e Obrigado pelos Peixes’, o quarto volume da saga O Guia do Mochileiro das Galáxias. Só pelo título, pode-se inferir que o livro trata dos golfinhos. Bem, não se você percebeu (e se não percebeu talvez seja pelo simples fato que não tenha lido os livros), mas os todos os títulos dos volumes dois a cinco foram citados em algum trecho do volume um. Talvez isso seja uma observação irrelevante, mas é interessante. Tanto que inferi logo que o quarto livro deveria falar sobre golfinhos, visto que foi dito que os golfinhos abandonaram o planeta Terra pouco antes de ela ser destruída. Sua última mensagem aos humanos foi “até logo, e obrigado pelos peixes”.
Isso explica muita coisa estranha que acontece no volume quatro, como por exemplo, o fato de os golfinhos terem sumido do planeta Terra quando Arthur voltou. Não explica, porém, como Arthur voltou ao planeta Terra, visto que fora destruído pelos vogons. Na verdade, muitas coisas estranhas estavam acontecendo, e como sempre Arthur não compreendia nada. Decidido a compreender os fatos e a conquistar a garota dos seus sonhos, Arthur parte em busca de resposta.
Devo dizer que o livro é muito bom, embora seja muito chato em alguns trechos. Cheguei a pensar que fosse por que a maior parte da história se passa na Terra, e a Terra em si não é tão interessante quanto o Universo. O fato é que a sua busca por respostas levou Arthur e Fenchurch (a garota pela qual Arthur se apaixonou) e viajarem para um planeta distante para ler a última mensagem de Deus para a sua criação. Devo dizer que a mensagem é particularmente reveladora e esclarecedora. E assim termina o livro.
Trecho:
“À medida que dirigia, as nuvens carregadas o seguiam, arrastando-se pelo céu na sua direção, posto que, muito embora não soubesse, Rob McKenna era um Deus da Chuva. Tudo o que ele sabia era que os seus dias de trabalho eram uma porcaria e que tinha uma penca de férias lastimáveis. Tudo o que as nuvens sabiam era que o amavam e queriam ficar perto dele, para acalentá-lo e derramar água sobre a sua cabeça”

É acho que tá bom. Amanha talvez eu poste uma resenha sobre o último livro. Quem viver, lerá. Ou não.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Resenha: A Vida, o Universo e Tudo Mais

Assim começa o terceiro livro da coleção O Mochileiro das Galáxias:
“O já habitual grito matinal horror era o som de Arthur Dent ao acordar e lembrar-se de onde estava.
O que o perturbava não era apenas a caverna fria nem o fato de ser úmida e fedorenta. Era o fato que ficava bem no meio de Islington e que o próximo ônibus só iria passar dentro de dois milhões de anos.”

Devo dizer que esse começo não é tão emocionante ou instigador quanto o começo dos dois primeiros livros da coleção. De fato, não é. Devo dizer também que esse não é o mais cômico dos cinco livros. Mas certamente é o mais interessante. Pelo menos é essa a minha opinião, mas a minha opinião não é importante. Adams conseguiu dar um tom de suspense nesse volume. Não sei se propositalmente, ou foi apenas um acidente de percurso. Ou talvez eu esteja imaginando demais.






O enredo do livro gira em torno de um único tema: Guerras Krikket. Depois de passar cinco anos preso na Terra pré-história (ops, spoiller do volume dois) e depois de escapar de lá de uma maneira inimaginável (ou imaginável apenas na mente fértil de Adams?) Arthur se junta a Slartibartfast (donde ele tira esses nomes?) na nobre missão de salvar o Universo da destruição. Simples assim. O leve tom de suspense se deve ao fato que os leitores são apresentados aos fatos de maneira progressiva. Afinal, quem diabos são esses robôs Krikkit? Só lendo para saber e como terminou.
O tom de deboche, ironia e piadas cabeças ainda são freqüentes nesse livro. Mas tive a leve impressão de que esse volume é mais sério que os outros (ou seria mais bem escrito?) o que de modo algum tira o seu brilho.
Enfim, o livro é bom. Leiam. Aqui vai um trecho para vocês sentirem um gostinho:
“Zaphod olhou chocado para os robôs.
Era impossível explicar a causa, mas seus corpos brancos, de curvas perfeitas e reluzentes, pareciam ser a mais perfeita incorporação de uma malignidade calculada e eficaz. Desde seus olhos hediondamente mortiços até seus poderosos pés sem vida, eram claramente o produto perfeito de uma mente que simplesmente desejava matar. Zaphod engoliu em seco, tomado pelo medo.”

As piadas cabeças também marcaram presença:
“A Enciclopédia Galáctica tem muito a dizer sobre teoria e prática das viagens no tempo, mas a maioria do que ela diz é incompreensível para qualquer um que não tenha passado pelo menos quatro vidas estudando hipermatemática avançada e, uma vez que isso era impossível antes da invenção das viagens no tempo, reina uma certa confusão a respeito de como a idéia surgiu inicialmente. Uma racionalização desse problema declara que viajar no tempo foi, pela sua própria natureza, descoberta simultaneamente em todos os períodos da história, mas isso obviamente não faz o menor sentido.
O problema é que boa parte da história atualmente também não faz o menor sentido.”

É isso. Amanhã existe uma probabilidade maior que zero de eu postar uma resenha do quarto livro. Aguardem.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Resenha: O Restaurante no Fim do Universo

“Existe uma teoria que diz que, se um dia alguém descobrir exatamente para que serve o Universo e por que ele está aqui, ele desaparecerá instantaneamente e será substituído por algo ainda mais estranho e inexplicável.
Existe uma segunda teoria que diz que isso já aconteceu.”





Assim começa O Restaurante no Fim do Universo, segundo livro da trilogia de cinco livros O Guia do Mochileiro das Galáxias de Douglas Adams. Se você esteve por aqui ontem deve ter percebido que eu estou escrevendo uma séria de resenhas, uma para cada livro da coleção.
Escrever uma resenha para cada livro é algo um tanto inglório, uma vez que a coleção inteira segue mais ou menos o mesmo estilo e eu já comentei sobre o estilo. Assim, talvez uma resenha deste livro (e dos próximos) resumir-se-ia a uma sinopse. Ou talvez eu seja um péssimo crítico. Ou talvez eu não esteja me fazendo entender. Ou talvez eu devesse enrolar mais.
Enfim, esse segundo livro continua o mesmo estilo cômico\crítico\irônico do primeiro, só que muito mais engraçado e com algumas páginas a mais. Como no primeiro livro, as piadas de cunho científico são as melhores partes, ou pelo menos essa é a minha opinião e eu tenho todo o direito de achar isso, pois sou um apaixonado por ciência. Ou pelo menos acho que sou.
Como sempre, Adams usa e abusa do tom crítico disfarçado de bom humor para fazer críticas a hábitos e costumes da sociedade ou mesmo para avacalhar com a ciência mesmo. Isso pode ser bem notado neste trecho especialmente selecionado:
 “Por exemplo, num canto do Braço Oriental da Galáxia fica o enorme planeta Oglaroon, totalmente coberto por florestas. Toda a sua população ‘inteligente’ vive permanentemente dentro de uma nogueira, razoavelmente pequena e incrivelmente lotada. É nessa árvore que eles nascem, vivem, se apaixonam, entalham minúsculos artigos na casca da árvore especulando sobre o sentido da vida, a futilidade da morte e a importância do controle de natalidade, combatem as poucas e minúsculas guerras e por fim morrem pendurados sob as ramagens de um dos galhos mais inacessíveis.
Na verdade, os únicos oglaroonianos que saem dessa árvore são aqueles que são banidos pelo abominável crime de imaginar se alguma das outras árvores poderia ser capaz de sustentar vida, ou até mesmo pensar se as outras árvores são algo além de ilusões provocadas por ingestão excessiva de oglanozes.
Por mais peculiar que esse comportamento possa parecer, não há uma única forma de vida na Galáxia que não possa ser acusada, de algum modo, da mesma coisa”

Enfim, o livro é bom. Recomendo. Na verdade, recomendo todos, exceto o quinto, por motivos que explicarei no momento certo. Para desencargo de consciência aqui vai uma sinopse do livro. Depois das aventuras no planeta Magrathea, Arthur e seus amigos resolvem ir ao restaurante no fim do universo, mas são surpreendidos por algo inesperado (dãaa) e Zaphod descobre que precisa encontrar o homem que controla o Universo.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Resenha: O Guia do Mochileiro das Galáxias

Em toda a história deste blog só publiquei uma resenha de livro (veja aqui), muito embora eu não tenha lido apenas um livro neste período. Então decidi que vou escrever uma resenha de todo livro que eu ler. Tendo tomado esta decisão, comprei uma coleção de livros que há muito tempo queria ler. Trata-se da famosa trilogia de quatro livros que por acaso são cinco “O Guia do Mochileiro das Galáxias” de Douglas Adams.
A partir de hoje vou fazer uma resenha de cada um deles. Ou pelo menos vou tentar fazer isso, dado que terminei de ler hoje o último livro e não sei se ainda lembro-me do primeiro.




Bem, então. O Guia do Mochileiro das Galáxias. Já tinha ouvido falar muito dele. Já tinha lido resenhas dele. Então quando comecei a ler eu já sabia parte do enredo. Mesmo assim ler resenha é bem diferente de ler o livro em si e eu tinha que ler o livro. Quando li as duas primeiras páginas tive a certeza que meu dinheiro não foi em vão, mesmo tendo sido promoção.
Douglas Adams tem um humor singular. Impagável. O cara é um gênio. Dizem que ele ficou famoso nos círculos literários por fazer qualquer coisa, menos escrever. Eu discordo. O caro escreve e escreve bem, só que num estilo próprio, um estilo que prende o leitor. É, devo dizer que é um estilo que às vezes confunde o leitor também, mas isso faz parte da obra.
Eu adoro ficção científica. Adoro ciência. Adoro ficar lendo sobre essas teorias científicas loucas e coisa e tal. Também gosto muito de comédia. Rir é muito bom. Por isso adorei o “Guia do Mochileiro das Galáxias”, pois é um livro que ficção e comédia, tudo ao mesmo tempo e na medida certa, com umas leves pitadas de ironia para dar um gostinho. E aquelas idéias loucas, donde ele as tira? “Gerador de improbabilidade infinita” que nóia. Personagens mais loucos ainda, com nomes impronunciáveis. Em certos pontos do livro tive a sensação de que Douglas teve que cheirar alguns gatinhos para escrever aquilo.

Para aqueles que não conhecem a história, um pequeno resumo. Arthur Dent era um cara azarado que um dia descobriu que seu melhor amigo Ford Perfect era um extraterrestre e que a Terra seria destruída para a construção de uma via interespacial. Os dois pegam carona numa nave alienígena e começam sua viagem pela galáxia. Daí eles encontram Zaphod Beeblebrox (o presidente da galáxia com duas cabeças, as duas com um parafuso solto) e Trillian (outra humana que escapou da destruição da Terra) e os quatro partem rumo ao lendário planeta Magrathea a bordo da Nave Coração de Ouro, movida por um gerador de improbabilidade infinita. Ah, sim, também tem um robô com problema de personalidade e uma inteligência descomunal chamado Mavin.
O que acontece depois disso eu não vou contar, para não estragar a surpresa. Mas vale a pena ler. Principalmente para saber a origem da Terra e a resposta para a Vida, o Universo e Tudo Mais. É revelador. E hilário.

Trecho do livro:
“O universo real se retorcia sob eles assustadoramente. Diversos universos falsos passavam silenciosamente por ali, como cabritos monteses. A luz primal explodiu, espirrando pelo espaço-tempo como uma coalhada derramada. O tempo floresceu, a matéria encolheu. O maior número primo se acocorou quietinho num canto, para nunca mais ser descoberto”

É ta bom por hoje. Amanhã eu conto sobre o segundo livro. Ou não. Quem viver lerá.

domingo, 19 de fevereiro de 2012

Sobre mim

Seguindo uma sugestão da Jéssyka (veja o Tumblr dela aqui), hoje vou escrever sobre mim. Eu havia dito a ela que precisava pensar no assunto, por isso o post ia demorar. Estou fazendo agora, o que não significa que pensei no assunto. Não, não pensei. Estou pensando agora. Isso é um dos traços da minha personalidade. Vivo prometendo coisas, mas só deixo pra cumprir na última hora. Isso quando cumpro.
Talvez isso aconteça por tenho uma mente que simplesmente não pára quieta. Estou sempre com uma idéia diferente na cabeça e administrar todas não é fácil. Por todas em prática, então, é humanamente impossível. Só para citar algumas: tenho um projeto de livro, três enredos de séries, quero provar um teorema matemático muito foda. Quero escrever livros didáticos, quero aprender Inglês, Frances, Italiano e, talvez, Esperanto. Quero entender Física Quântica e Cosmologia. Vou parar esta lista por aqui, mas não antes de dizer que minha prioridade é obter meu doutorado em Matemática.
Sinceramente, acho que sou doido. Não esses doidos de asilo e tal, mas esses doidos que as pessoas apontam e dizem “esse é doido”. Enfim, estava apenas divagando, o que, na verdade, é o que eu faço de melhor. Só para constar, acabei de chegar a essa conclusão. Também só para registrar um pensamento que tive a quatro linhas atrás, como disse Voltaire quem quiser fundar algo de grande comece por ser completamente louco.
Acho (na verdade, tenho quase certeza) que sou desorganizado. Faço muita bagunça, mas (quase) sempre sei onde está tudo. O detalhe é que detesto bagunça. Mas tenho muita preguiça de arrumar. Sei que isso parece contraditório, mas o ser humano é assim, quem sou eu para contestar? Para deixar a coisa ainda mais contraditória, devo dizer que sou uma pessoa metódica. Sim, isso mesmo, metódico. Gosto de ter horário para tudo. E não gosto quando circunstâncias imprevisíveis não me deixam cumprir com meu cronograma. Mas às vezes acho legal sair da rotina. Agora você deve compreender quando disse que sou doido.
Já tinha algo pronto para escrever agora pouco, mas me distraí e esqueci. Agora quero lembrar e não consigo. Ah, sim, eu ia falar sobre o que gosto de fazer. Bem, se você lê regularmente meu blog já deve ter percebido que gosto de matemática. Sem comentários quanto a isso, posso falar mais sobre em outro post. Também curto boa música (olhe bem, eu disse boa música e não essas porcarias que anda fazendo sucesso por aí), séries e um bom livro. Pretendo montar uma pequena biblioteca particular.
Sou um tanto quanto cético. Prefiro acreditar na ciência a acreditar em certas bobagens da cultura popular. Pra mim tudo tem uma explicação científica, embora não sejamos capazes de encontrar todas as respostas. Quero dizer ainda que eu acredito em um Deus e que isso de modo algum contradiz o que eu disse nas últimas linhas. Eu não acredito é nas religiões.
Sei lá, que mais eu posso falar? Acabo de perceber que realmente não é fácil escrever sobre si próprio. Acabo de lembrar também que sou um pouco perfeccionista, mas não desses paranóicos. Acabo de perceber também que acho que esse texto está uma bagunça, mas que por isso mesmo reflete meu estilo de vida. Mas sinceramente, acho que esse texto poderia estar melhor.
Ah, acho que tá bom, vou parar por aqui. Talvez eu escreva outro, bem melhor, algum dia. E então, Jéssyka, tá bom pra vc?

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Capítulo I - parte 2

A segunda parte do primeiro capítulo do livro que estou escrevendo, que na verdade é tudo que tenho escrito até agora. Talvez continui escrevendo, mas não sei se postarei aqui. É um caso a se pensar. Se eu não postar você poderá compar o livro, se algum dia ele for publicado.


CAPÍTULO I - Antes de tudo começar (parte 2)

Muitos na região acharam essa história trágica. Outros, porém, acharam mais trágico o que aconteceu com a irmã mais de Lílian. Seu nome, por uma falta de criatividade e excesso de breguiçe da parte dos pais, era Lívia Vládia. Apesar do parentesco, a dita cuja não era tão bonita quanto a irmã e demorou a arranjar um namorado. Ninguém a queria. Novamente houve mais um desses casamentos arranjados e por livre e espontânea pressão o infeliz teve de casar com Lívia.
A opinião geral era que eles formavam um belo casal, apesar de essa não ser a opinião do noivo. Mesmo assim, marcou-se a data, apesar da opinião do noivo, o que não é de surpreender, já que nunca ninguém pediu sua opinião. Só para constar, a sua opinião era que ele não queria casar e ele estava altamente infeliz com esta história. Também só para constar, a opinião de Lívia era que ela estava adorando se casar e que estava muito feliz com esta história.
Como o pai Basílio queria que o casamento saísse perfeito e, como era muito supersticioso, resolveu consultar um astrólogo para saber qual era o melhor dia e hora para sua filha casar. E então o casamento foi marcado para acontecer no dia e na hora indicados pelo astrólogo.
Acontece que naquela época estava em moda o uso de relógios d’água como objetos decorativos e, eventualmente, para saber as horas. Isso era considerado um estilo um tanto barroco pelos mais modernos que acreditavam que relógios de pêndulo eram muito melhores. De fato, os relógios de pêndulo eram maravilhosos, pois os fundamentos matemáticos do seu princípio de funcionamento envolviam o que havia de melhor em matemática da época.
O fato é que pessoas comuns não entendiam mesmo o princípio de funcionamento e usavam o relógio apenas para saber as horas o que, de fato, não é uma surpresa, visto que esta era sua função. Tais pessoas esquecem, porém, que um matemático passou dias desenvolvendo e tentando entender a complexa matemática por traz disto. Muitos não compreendiam por que usar tanta matemática para simplesmente saber as horas. Talvez por isso o uso de relógios d’água estivesse voltando à moda, dada a sua simplicidade de funcionamento.
O fato é que havia um desses na casa de seu Basílio. Bem no quintal. Coincidentemente, era exatamente no quintal, sob a copa das árvores, que ocorreria o casamento de sua filha. Esta, por sinal, já estava bastante nervosa e impaciente por ter de esperar até a hora marcada. Tanto que foi inúmeras vezes até o relógio d’água verificar se faltava muito para o momento solene. Acontece que, sem que ela percebesse, uma das pérolas do seu colar caiu dentro do relógio e tapou o orifício por onde escorria a água impedindo seu fluxo.
Ninguém percebeu isso (pelo menos não a tempo). E ninguém percebeu que a hora determinada havia passado. Todos já estavam impacientes. O noivo, que só queria um motivo para acabar com a cerimônia, perdeu a paciência, disse umas verdades na cara do ex-sogro e fugiu num cavalo branco com a madrinha do casamento.
Lívia ficou arrasada e sua mãe mais ainda porque tinha gasto uma grana preta com vestido de casamento e os violinistas vindos do Norte especialmente para a cerimônia. O pai também estava muito irritado e ficou mais ainda quando os violinistas cobraram pelo serviço. Basílio recusou-se a pagar, mas os violinistas mostram um contrato assinado pelo próprio Basílio no qual ele se comprometia a pagar pelo serviço absurdamente caro sob pena de perder sua casa. Basílio, é claro, não se lembrava disso, pois estava um pouco bêbado na ocasião, mas não houve escapatória e teve de pagar a conta. Naquele tempo já existia agiotagem.
Mas o fato é que Lívia estava realmente deprimida e com razão. A moça já não mais comia e passava o dia inteiro trancada no quarto lendo poesia quinhentista, o que é deplorável, já que tal estilo poético já estava fora de moda. Depois desse acontecimento a moça ainda ganhou fama de “encalhada” o que se somou a outros apelidos já consagrados, tais como “sem sal”, “magrela”, “raquítica”, “sonsa”, “cabelo de pixaim” e por aí vai. A voz corrente era que ela jamais arrumaria um marido.
Basílio, vendo que a filha estava realmente triste e temendo que ela jamais arrumasse um marido resolveu fazer alguma coisa para alegrá-la e imortalizá-la. Pensou em duas coisas: escrever um livro de matemática e por como título o nome da filha; ou escrever um livro de sonetos e por como título o nome da filha. Percebendo que realmente não tinha muito talento pra matemática e querendo mostrar ao mundo o seu (suposto) talento como poeta, Basílio optou pela segunda opção.
O livro de poemas (sonetos, para ser mais preciso) “Lívia Vládia” causou grande repercussão. A crítica, no geral, meteu o pau e não mediu palavras para expressar a sua opinião sobre a coisa. A consagrada Sociedade dos Poetas Vivos também não viu o livro com bons olhos, apesar do comentário de um de seus membros dizendo que o livro “era o futuro da arte poética” e coisas assim. O presidente da sociedade expulsou o tal membro e rasgou a página quatorze do “Lívia Vládia”.
Apesar da repercussão inicial não muito boa, anos depois a crítica passou a ver aquela obra com outros olhos e começaram a desconfiar que realmente pudesse haver boa poesia naquele livro. De fato, “Lívia Vládia” tornou-se sucesso na rodas de poetas e Basílio foi considerado um gênio e sua obra um marco na história da literatura. Infelizmente, para ele, a fama veio muito tarde, na verde veio depois de sua morte. Mas o fato é que ele ficou famoso e imortalizou o nome de sua filha.
Esta por sua vez, casou anos depois do fatídico evento, com um tal de J. Pinto Fernandes, que nem tinha aparecido na história.
O fato é que seu Basílio não foi o único da família que ficou famoso por seus feitos. Na verdade, seu neto Leonardo ficou muito mais conhecido naquela região por seus feitos e aventuras. Este livro é a sua história. Por isso vamos deixar de enrolação e começar a falar logo dele.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Trecho do meu livro

Atendendo a pedidos por mais posts (não é Jéssyka?), resolvi postar algo hoje. Como não tinha pensado em nada, aqui vai uma parte do primeiro capítulo do livro que estou escrevendo. Isso não significa que um dia vou terminar de escrevê-lo, mas é uma possibilidade. Críticas serão bem vindas, mas não necessariamente acatadas. Enfim, sem mais delongas, aqui vai.


CAPÍTULO I - Antes de tudo começar (parte 1)

Essa é uma história que se passa numa terra muito, muito distante, num tempo muito distante antes do aparecimento das coisas modernas às quais estamos acostumados. Naquele tempo não existia luz elétrica ou carros movidos a gasolina ou internet ou telefones celulares. As pessoas ainda se comunicavam por cartas e ainda se conheciam pessoalmente e se reuniam para almoços de domingo feitos num fogareiro que queimava a base de carvão. Não parece ser possível, mas algumas pessoas eram felizes naquele tempo.
Mas naquele tempo havia Lílian Vládia, a mais bela filha do senhor Basílio Zacarias e da senhora Minerva. Na verdade, Lílian era a mais nova de sete filhos. Naquele tempo as famílias costumavam ser grandes, pois ainda não tinham inventado a TV a cabo e o computador estava longe de surgir. Assim, não existiam muitas opções para diversão nas noites com luar.
Mas enfim, Lílian era uma jovem recatada e meio sonsa (como a maioria naquela época). Tinha longos cabelos pretos e belos olhos castanhos e logo despertou a atenção dos jovens da região.
O fato é que poucos ousavam se aproximar de Lílian, pois seu pai Basílio era um rico comerciante da cidade além de ser um antigo membro da extinta Irmandade Pitagórica. Assim, os rapazes tinham certo receio do homem, mas ao mesmo tempo certo ar de desprezo. Afinal, não era toda hora que se podia encontrar um matemático, mesmo que amador, pelas terras do Sul. As pessoas tinham uma ignorância quanto a isso e acreditavam que era inútil estudar matemática. Era necessário apenas saber fazer contas simples para as transações comerciais e coisas do dia-a-dia e só.
Infelizmente, este pensamente persiste até hoje, mesmo depois da invenção do GPS.
Basílio era um dos mais prósperos e respeitados comerciantes da cidade e sua paixão pela matemática era coisa de seu passado, dos tempos em que era um jovem curioso e ávido por conhecimento. Mesmo naqueles tempos de juventude, não chegou a ser um grande matemático amador, nem muito menos profissional.
Hoje é apenas um pai de família dedicado e um comerciante preocupado por causa da recessão.
Lílian teve uma excelente educação, na medida do que era possível dar, visto que eles moravam nas terras do Sul. Mas seu Basílio tinha uma pequena biblioteca em sua casa com algumas dezenas de exemplares que ele comprara de comerciantes do Norte. Além do mais, ainda pagava professores particulares para todos os filhos e assim todos tiveram uma educação, podemos dizer, sólida.
Os cinco filhos homens foram estudar no Norte e formaram-se advogados e médicos. Já as duas filhas mulheres não deveriam estudar além do básico. Estavam predestinadas a serem donas de casa. Naquele tempo a sociedade ainda era machista. Alguns, é claro, não concordavam com isso e inventaram até uma tal Teoria da Fêmea Alfa que dizia essencialmente que os homens dependem das mulheres para tudo. Faz sentido, considerando que o homem depende da mulher para nascer. E pra ser corno também.
Aos doze anos Lílian encontrara os velhos livros de matemática do pai e resolvera estudá-los por conta própria, às escondidas. Quando o pai descobriu, levou uma surra de cinto da qual nunca esqueceu e chorou por quase uma hora. Na hora da janta, o clima estava meio tenso, mas seu Basílio tentou explicar com toda a calma que “essas coisas de matemática não são para mulheres”. De fato, naquela época quase não existia uma mulher matemática.
Lílian esqueceu o assunto totalmente. Mas sua curiosidade por conhecimento nunca morrera, estava sempre lá, adormecida, mas estava. Convenceu os pais que deveria fazer aulas de canto e assim consegui. Viu que não tinha talento, mas viu que podia tocar piano. Essa foi difícil de os pais engolirem, mas depois de muita insistência, lá estava ela tocando suas primeiras notas ensinadas pelo professor particular.
Um dia, porém, o tal professor faltou com respeito com a moça e ele acabou sendo expulso da cidade sob ameaças do pai de Lílian e seu tio, armados respectivamente com uma carabina e um facão.
Até que meses depois seu Basílio pensou: “Já está quase no tempo desta menina casar. Vou arranjar um noivo pra ela”. É, naquele tempo ainda existiam casamentos arranjados e Lílian já tinha dezoito anos, já tava na hora de casar. Não tardou para seu Basílio apresentar o noivo à filha, um tal de Manoel, filho de Miguel que também era um rico comerciante da cidade, muito amigo de Basílio. Lílian e Manoel se conheciam assim de vista, mal se falavam e de repente, não mais que de repente, estavam noivos. E naquele tempo o namoro ainda era no sofá da sala com a mãe do lado.
Também foi mais ou menos por essa época que Lílian começou a dar seus primeiros suspiros de amor, mas esses não eram pelo seu noivo arranjado e sim pelo pai de nosso herói principal. Seu nome era Paulo e tinha em torno dos seus vinte anos. Apareceu na cidade vindo numa caravana de comerciantes do Norte. Era bem aparentado, esbelto dos olhos azuis. Também era muito inteligente e sabia muita matemática, pois lera excelentes livros dados pelo seu pai. Este último, ao que parece, também era membro da extinta Irmandade Pitagórica.
Não demorou a que se conhecem e notassem que tinham coisas em comum, especialmente o gosto pela matemática. Apaixonaram-se um pelo outro e passaram a encontra-se às escondidas. E isso com o casamento com Manoel já marcado. Aconteceu que Lílian casou com Manoel, mas ainda tinha encontros com Paulo. A arte de ser corno é tão antiga quanto à humanidade.
O fato é que seu Basílio descobriu a fornicação da filha e quis resolver o assunto na faca. Para o bem de todos, e principalmente de Paulo, não aconteceu nada de mais grave. Apenas Paulo fugiu da cidade jurado de morte e Lílian nunca mais o viu. Mas isso não antes de deixá-la grávida.
Já Manoel nunca soube que um dia foi corno, pois resolveram poupá-lo da humilhação, até porque isso acabaria com o nome da família. Também nunca soube que seu primeiro filho de fato não era seu. Uma única vez estranhou a fato de o garoto ter olhos azuis, mas convenceu-se a si mesmo que isso era herança de seus parentes do Norte. O menino foi batizado como Leonardo e este é o nosso herói.
Lílian teve outras duas filhas, estas agora de Manoel, também belas crianças. No final de tudo, o casamento não foi o que Lilian sonhou. Ela descobriu que contos de fada são apenas contos de fadas e, pior de tudo, que seu marido roncava. Com sete anos de casamento, este já estava saturado. Um belo dia Manoel saiu de casa para comprar leite e nunca mais voltou, abandonando a mulher e os três filhos.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

À margem do mundo

Meu último post foi um poema de Gregório de Matos. Na verdade, já postei alguns outros poemas por aqui. Não que eu seja fã de poesia. Mas é bom apreciar uma boa poesia de vez em quando. Por isso neste post publicarei outro poema.
Não que o poema seja bom. Pelo contrário, acho que não, mas a minha opinião não vale de nada. Talvez porque eu seja o autor. Não que eu seja poeta. Não, não sou. Foi apenas um poema que fiz para um trabalho de escola, de Geografia para ser mais preciso e foi no segundo ano para ser mais preciso ainda, e que por acaso encontrei entre meus alfarrábios.
Não, o poema não fala de amor, nem de desilusão, depressão, alegria, paixão, nada disso. Fala sobre ..., ah, esquece. Ninguém nunca entende o eu - lírico mesmo. Interprete do jeito que quiser.


À margem do mundo


Ergo meus olhos e vejo uma nação
Olho pra ela, vejo desolação
Tem violência e tem miséria
Tem doença e humilhação

Essa nação que agora vos falo
Deveras está à margem do mundo
E o mundo a trata com indiferença
Por que pensa que só tem vagabundo

Sim, essa nação é outro mundo
Terra de muita contradição
De miserável sugismundo
De um povo que vive na ilusão

De senhor que vive na abastança
E de servo que vive na carência
Os chefes vêm com demagogia
Mas a plebe vive de demasia

O mundo finge que a vê
E ela finge que é mundo
E que pode se desenvolver
Mas deve à Deus e ao mundo

E é uma nação assolada
Que nem Dante imaginaria
Mas as grandes não sentem nada
Pois vivem no primor da primazia

E essa gente à margem da sociedade
Pobreza é pouco para elas
– Queremos viver, não sobreviver
Diz esse povo sem dignidade

E esses lobos em pele de cordeiro
Estão aqui, mas são do estrangeiro
Sugam o nosso sofrido suor
E deleitar-se-ão na própria casa

Vejo o trabalhador trabalhando
Dando a vida para viver
Suando para receber uma esmola
E com ela comprar o que comer

E seu Zé que trabalha no campo
Sustenta quase toda uma nação
Vende barato e compra bem caro
E tudo que é um pedaço de pão

Os lá de cima assaltam o povo
Povo que é a própria nação
Fazem em operário oprimido
O operário da construção

Paciência, pede o presidente
Dá para viver com dinheiro ínfimo
Quero ver o que ele diria
Se vivesse de salário mínimo

Vejo um povo que tem fome
E são vários tipos de fome
Fome de comida e de educação
De saúde e dignidade

Vejo gente na fila do hospital
Gente doente e gente morrendo
Nem se espantam no canário horrendo
Pois a morte se tornou banal

E a morte vem à cavalo
Vem com arma e com facão
Vem para o velho e para o novo
Vem pro pequeno e pro grandão

Por isso que tenho razão
De fugir assim desse frio
De pegar o meu avião
E ir-me embora pros States

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Um exemplo de poesia cultista

Hoje, só pra variar um pouco, resolvi postar uma poesia. Um soneto, pra ser mais exata. De Gregório de Matos. Poderia comentar mais, porém vou ficar por isso mesmo. Se quiser saber um pouco mais sobre cultismo e conceptismo, clique aqui.


Um exemplo de poesia cultista
Gregório de Matos

O todo sem a parte não é todo;
A parte sem o todo não é parte;
Mas se a parte o faz todo, sendo parte,
Não as diga que é parte, sendo todo.

Em todo o Sacramento está Deus todo,
E todo assiste inteiro em qualquer parte,
E feito em partes todo em toda parte,
Em qualquer parte sempre fica todo.

O braço de Jesus não seja parte,
Pois que feito Jesus em partes todo,
Assiste cada parte em sua parte.

Não se sabendo parte deste todo,
Um braço que acharam, sendo parte,
Nos diz as partes todas deste todo.


sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Sugestões do Google

Este é primeiro post de Fevereiro. Não que isso seja alguma coisa, é só uma observação. Também é só uma observação que este ano é bissexto.
Bem mas o que eu quero falar é sobre o Google. Você certamente já deve ter percebido que o Google tem um mecanismo de sugestão de pesquisa. Tipo, você começa a digitar sua pesquisa e ele mostra uma lista com sugestões de possíveis coisas que você esteja buscando. Não sei exatamente como isso funciona, mas é muito útil. Isso quando não gera algumas sugestões no mínimo engraçadas.
Este é o assunto deste post. As imagens abaixo mostram algumas dessas sugestões cômicas. Ah, claro, eu tirei de um blog americano, por isso estão em inglês. Mas para aqueles que não sabem o idioma do Tio Sam não percam tempo no Google Tradutor, eu mesmo traduzi as frases.

 
"Eu peguie meu filho usando fraldas"

"Meu irmão pequeno prendeu seu braço no microondas"


"O povo chinê é tão engraçado, esta é a maneira como eles contam o seu dinheiro"

"Estou extremamente aterrorizado com o povo chinês"

"714 OMG I tentei te enviar algo sujo mas acidentalmente enviei uma mensagem para a campanha de Obama"

"Pegeui meu guitarrista apertando minha mulher então estou vendendo seu aplificador de guitarra"

"O que esse morangos estão fazendo em meus mamilos, preciso deles pra minha salada de frutas"

LOL. Simplesmente sem comentários.
Vou fazer uma pesquisa e ver se acho coisas assim em português. Qualquer coisa, é claro que posto aqui. Então até lá.