Pensamento da semana

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Seal - Crazy
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quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Resenha: A Vida, o Universo e Tudo Mais

Assim começa o terceiro livro da coleção O Mochileiro das Galáxias:
“O já habitual grito matinal horror era o som de Arthur Dent ao acordar e lembrar-se de onde estava.
O que o perturbava não era apenas a caverna fria nem o fato de ser úmida e fedorenta. Era o fato que ficava bem no meio de Islington e que o próximo ônibus só iria passar dentro de dois milhões de anos.”

Devo dizer que esse começo não é tão emocionante ou instigador quanto o começo dos dois primeiros livros da coleção. De fato, não é. Devo dizer também que esse não é o mais cômico dos cinco livros. Mas certamente é o mais interessante. Pelo menos é essa a minha opinião, mas a minha opinião não é importante. Adams conseguiu dar um tom de suspense nesse volume. Não sei se propositalmente, ou foi apenas um acidente de percurso. Ou talvez eu esteja imaginando demais.






O enredo do livro gira em torno de um único tema: Guerras Krikket. Depois de passar cinco anos preso na Terra pré-história (ops, spoiller do volume dois) e depois de escapar de lá de uma maneira inimaginável (ou imaginável apenas na mente fértil de Adams?) Arthur se junta a Slartibartfast (donde ele tira esses nomes?) na nobre missão de salvar o Universo da destruição. Simples assim. O leve tom de suspense se deve ao fato que os leitores são apresentados aos fatos de maneira progressiva. Afinal, quem diabos são esses robôs Krikkit? Só lendo para saber e como terminou.
O tom de deboche, ironia e piadas cabeças ainda são freqüentes nesse livro. Mas tive a leve impressão de que esse volume é mais sério que os outros (ou seria mais bem escrito?) o que de modo algum tira o seu brilho.
Enfim, o livro é bom. Leiam. Aqui vai um trecho para vocês sentirem um gostinho:
“Zaphod olhou chocado para os robôs.
Era impossível explicar a causa, mas seus corpos brancos, de curvas perfeitas e reluzentes, pareciam ser a mais perfeita incorporação de uma malignidade calculada e eficaz. Desde seus olhos hediondamente mortiços até seus poderosos pés sem vida, eram claramente o produto perfeito de uma mente que simplesmente desejava matar. Zaphod engoliu em seco, tomado pelo medo.”

As piadas cabeças também marcaram presença:
“A Enciclopédia Galáctica tem muito a dizer sobre teoria e prática das viagens no tempo, mas a maioria do que ela diz é incompreensível para qualquer um que não tenha passado pelo menos quatro vidas estudando hipermatemática avançada e, uma vez que isso era impossível antes da invenção das viagens no tempo, reina uma certa confusão a respeito de como a idéia surgiu inicialmente. Uma racionalização desse problema declara que viajar no tempo foi, pela sua própria natureza, descoberta simultaneamente em todos os períodos da história, mas isso obviamente não faz o menor sentido.
O problema é que boa parte da história atualmente também não faz o menor sentido.”

É isso. Amanhã existe uma probabilidade maior que zero de eu postar uma resenha do quarto livro. Aguardem.

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