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quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

À margem do mundo

Meu último post foi um poema de Gregório de Matos. Na verdade, já postei alguns outros poemas por aqui. Não que eu seja fã de poesia. Mas é bom apreciar uma boa poesia de vez em quando. Por isso neste post publicarei outro poema.
Não que o poema seja bom. Pelo contrário, acho que não, mas a minha opinião não vale de nada. Talvez porque eu seja o autor. Não que eu seja poeta. Não, não sou. Foi apenas um poema que fiz para um trabalho de escola, de Geografia para ser mais preciso e foi no segundo ano para ser mais preciso ainda, e que por acaso encontrei entre meus alfarrábios.
Não, o poema não fala de amor, nem de desilusão, depressão, alegria, paixão, nada disso. Fala sobre ..., ah, esquece. Ninguém nunca entende o eu - lírico mesmo. Interprete do jeito que quiser.


À margem do mundo


Ergo meus olhos e vejo uma nação
Olho pra ela, vejo desolação
Tem violência e tem miséria
Tem doença e humilhação

Essa nação que agora vos falo
Deveras está à margem do mundo
E o mundo a trata com indiferença
Por que pensa que só tem vagabundo

Sim, essa nação é outro mundo
Terra de muita contradição
De miserável sugismundo
De um povo que vive na ilusão

De senhor que vive na abastança
E de servo que vive na carência
Os chefes vêm com demagogia
Mas a plebe vive de demasia

O mundo finge que a vê
E ela finge que é mundo
E que pode se desenvolver
Mas deve à Deus e ao mundo

E é uma nação assolada
Que nem Dante imaginaria
Mas as grandes não sentem nada
Pois vivem no primor da primazia

E essa gente à margem da sociedade
Pobreza é pouco para elas
– Queremos viver, não sobreviver
Diz esse povo sem dignidade

E esses lobos em pele de cordeiro
Estão aqui, mas são do estrangeiro
Sugam o nosso sofrido suor
E deleitar-se-ão na própria casa

Vejo o trabalhador trabalhando
Dando a vida para viver
Suando para receber uma esmola
E com ela comprar o que comer

E seu Zé que trabalha no campo
Sustenta quase toda uma nação
Vende barato e compra bem caro
E tudo que é um pedaço de pão

Os lá de cima assaltam o povo
Povo que é a própria nação
Fazem em operário oprimido
O operário da construção

Paciência, pede o presidente
Dá para viver com dinheiro ínfimo
Quero ver o que ele diria
Se vivesse de salário mínimo

Vejo um povo que tem fome
E são vários tipos de fome
Fome de comida e de educação
De saúde e dignidade

Vejo gente na fila do hospital
Gente doente e gente morrendo
Nem se espantam no canário horrendo
Pois a morte se tornou banal

E a morte vem à cavalo
Vem com arma e com facão
Vem para o velho e para o novo
Vem pro pequeno e pro grandão

Por isso que tenho razão
De fugir assim desse frio
De pegar o meu avião
E ir-me embora pros States

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