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sábado, 25 de maio de 2013

Sobre toalhas, mochileiros e um cara dupal mingo



Como foi prometido no post de segunda, hoje vou explicar de onde surgiu o Dia da Toalha. Melhor sentar, que lá vem a história.

Bem, muito além dos confins inexplorados da região mais brega da Borda Ocidental desta Galáxia, há um pequeno sol amarelo e esquecido. Girando em torno deste sol há um planetinha verde-azulado absolutamente insignificante, cujas formas de vida são tão extraordinariamente primitivas que ainda acreditam que relógios digitais são uma grande idéia.
Entretanto, dentre essas formas de vida primitivas, algumas se destacam por sua genialidade e legado que deixaram. Entre elas podemos citar: Albert Einstein (um exímio dançarino de funk e físico nas horas vagas), o Rei (vai dizer que não conhece o Rei?) e Douglas Adams. Concentremos nossa atenção neste último.
Douglas Noël Adams foi um escritor e comediante britânico. Nasceu em Cambridge, em 11 de Março de 1952. Ele iniciou sua carreira como escritor após se formar em literatura inglesa pela prestigiada Universidade de Cambridge, em 1974. Passou o resto da década viajando como mochileiro pelo Europa. Depois, Adams conheceu um cara que trabalha na rádio BBC 4 e, como não tinham nada melhor para fazer, decidiram produzir um programa humorístico sobre científica. Assim começa a história do Guia do Mochileiro das Galáxias.

Depois do sucesso radiofônico, Adams decidiu lançar a obra em uma coleção de livros. Na verdade, uma trilogia de quatro livros que por acaso são cinco. Os cinco livros da coleção são:
1.      O Guia do Mochileiro das Galáxias (que dá nome à trilogia)
2.      O Restaurante no Fim do Universo (o melhor, em minha opinião)
3.      A Vida, o Universo, e Tudo Mais (o mais interessante, em minha opinião)
4.      Até Mais, e Obrigado pelos Peixes (o menos emocionante de todos)
5.      Praticamente Inofensiva (o mais louco de todos)

Enfim, o fato é que essa coleção de livros fez o maior sucesso. Virou um dos ícones da cultura nerd. Porque? Bem, só lendo para entender, mas podemos dizer que os livros são cheios do mais refinado e inteligente humor britânico já visto neste mundo. Adams cria todo um mundo de fantasia (a saber, a Galáxia) cheio de aventuras, lugares exóticos e todo tipo de forma de vida. Sem falar nos personagens inesquecíveis e as situações mais inimagináveis. Tudo isso como pitadas de críticas à nossa sociedade disfarçadas de um bom humor bastante sagaz. Leitura obrigatória para qualquer pessoa que tenha a capacidade de rir de si mesma – e dos outros.

Douglas Adamas: esse era realmente um cara dupal mingo

Além de escritor, Adams também era um ativista ambiental, ateu radical e amante da tecnologia.
Mas infelizmente ninguém é imortal (existem exceções, vide Wowbagger, o Infinitamente Prolongado): Douglas Adams faleceu de parada cardíaca aos 49 anos em 11 de Maio de 2001. Os fãs ficaram muito tristes é claro. Mas tristeza e Douglas Adams não combinam, então duas semanas depois, em 25 de Maio de 2001, os fãs resolveram fazer uma homenagem a ele. Precisavam de um tema engraçado para a homenagem. Não poderia ser outra coisa, senão a toalha.
Mas porque a toalha? Bem, não vou explicar. Vou deixar com vocês o trecho do Guia do Mochileiro das Galáxias que eternizou a toalha como símbolo da cultura nerd:

“Segundo ele [o Guia*], a toalha é um dos objetos mais úteis para um mochileiro interestelar. Em parte devido a seu valor prático: você pode usar a toalha como agasalho quando atravessar as frias luas de Beta de Jagla; pode deitar-se sobre ela nas reluzentes praias de areia marmórea de Santragino V, respirando os inebriantes vapores marítimos; você pode dormir debaixo dela sob as estrelas que brilham avermelhadas no mundo desértico de Kakrafoon; pode usá-la como vela para descer numa mini-jangada as águas lentas e pesadas do rio Moth; pode umedecê-la e utilizá-la para lutar em um combate corpo a corpo; enrolá-la em torno da cabeça para proteger-se de emanações tóxicas ou para evitar o olhar da Terrível Besta Voraz de Traal (um animal estonteantemente burro, que acha que, se você não pode vê-lo, ele também não pode ver você – estúpido feito uma anta, mas muito, muito voraz); você pode agitar a toalha em situações de emergência para pedir socorro; e naturalmente pode usá-la para enxugar-se com ela se ainda estiver razoavelmente limpa.
Porém o mais importante é o imenso valor psicológico da toalha. Por algum motivo, quando um estrito (isto é, um não-mochileiro) descobre que um mochileiro tem uma toalha, ele automaticamente conclui que ele tem também escova de dentes, esponja, sabonete, lata de biscoitos, garrafinha de aguardente, bússola, mapa, barbante, repelente, capa de chuva, traje espacial, etc, etc. Além disso, o estrito terá prazer em emprestar ao mochileiro qualquer um desses objetos, ou muitos outros, que o mochileiro por acaso tenha “acidentalmente perdido”. O que o estrito vai pensar é que, se um sujeito é capaz de rodar por toda a Galáxia, acampar, pedir carona, lutar contra terríveis obstáculos, dar a volta por cima e ainda assim saber onde está sua toalha, esse sujeito claramente merece respeito.
Daí a expressão que entrou na gíria dos mochileiros, exemplificada na seguinte frase: “Vem cá, você sancha esse cara dupal, o Ford Prefect**? Taí um mingo que sabe onde guarda a toalha.” (Sancha: conhecer, estar ciente de, encontrar, ter relações sexuais com; dupal: cara muito incrível; mingo: cara realmente muito incrível.)”

Notas:
* Na história do livro existe realmente um Guia do Mochileiro das Galáxias (conhecido simplesmente como o Guia), que é uma espécie de livro eletrônico com informações para viajantes do espaço-tempo.
** Ford Perfect é um dos personagens do livro, um alienígena de Belteguese VI que ficou preso no planeta Terra por quinze anos. Ele trabalha como pesquisador de campo para o Guia.

Enfim, desde essa primeira homenagem, todos os anos, em 25 de Maio, comemora-se o Dia da Toalha, em homenagem a Douglas Admas (e por tabela, a coleção Guia do Mochileiro das Galáxias). Como funciona isso? Simples: durante todo o dia você deve carregar uma toalha consigo. Bem louco e esquisito, mas praticamente inofensivo. E se alguém te criticar, você pode simplesmente se esconder atrás de sua toalha.



Enfim, é isso aí. Só lembrando que hoje também é o Dia do Orgulho Nerd. Eu ia preparar um post sobre isso também, mas não deu. Talvez próximo ano. Agora, vocês me dão licença, porque meu sensormático subeta captou um sinal estranho. Ainda estou tentando decifrar, mas espero que não sejam os vogons. Em todo caso, prepararem suas toalhas e não esqueçam também os amendoins.
Por falar nisso, alguém viu minha toalha?

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