Um dos assuntos mais comentados nos últimos dias talvez seja o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) e os problemas pelos quais tem passado. Senão, vejamos. Ano retrasado, a prova teve de ser adiada, devido ao vazamento da mesma. Tal fato causou uma chuva de acusações e especulações e, mais importante, a preocupação de muitos candidatos. Preocupação esta que deve ter se tornado maior desde o ano passado, quando muitas das mais importantes universidades do país passaram a adotar o exame, total ou parcialmente, como forma de ingresso nas mesmas.
Tecnicamente, isso deveria significar apenas uma mudança, uma troca de responsabilidades. Em vez de as universidades serem as responsáveis pelo processo seletivo, esta responsabilidade é passada para o Governo Federal. Porém, problemas com as provas aplicadas ano passado abalaram novamente a credibilidade no exame e essa desconfiança foi reforçada semana passada com as falhas no SISU. Hoje o MEC divulgou a primeira lista de aprovados e quem leu seu nome nesta deve estar aliviado agora.
Mas isso tudo nos leva a uma reflexão. Por que o Enem tem passado por esses problemas? Seriam estes apenas casos isolados que tiverem a infelicidade de ocorrerem todos ao mesmo tempo? O Governo realmente está preparado para assumir essa responsabilidade que antes era apenas das instituições de ensino superior?
Bem, o Enem não é exatamente algo novo. Foi criado em 1998 e tinha como principal objetivo avaliar o desempenho escolar dos estudantes do Ensino Médio. Posteriormente passou a ser utilizado como critério de seleção para o ProUni (Programa Universidade para Todos). E agora é adotado pelas universidades como prova de seleção. Ou seja, o Enem é um projeto com mais de dez anos e, a meu ver, tinha dado certo até agora. Por que só agora resolveu dá pau? Bem, talvez tenha havido sim problemas no passado, mas como o exame não tinha a importância que tem hoje, as pessoas não deram conta disso.
Uma solução para o Enem? Proposta é o que não falta. Tem gente que acha que ele apenas deveria ser aprimorado. Outros acham que ele deve ser extinto de vez. No meio termo, alguns acreditam que deveria haver uma descentralização das responsabilidades. Em vez de ser apenas uma prova para todo o Brasil, o mais sensato seria que cada estado (ou talvez região) tivesse sua própria prova, elaborado por um comitê regional. Eu pessoalmente acredito nessa idéia, com uma ressalva. Eu acho a prova do Enem muito longa e cansativa. Se dependesse de mim, eu mudaria o formato da prova. Mas, infelizmente (ou felizmente?), isso não está em minhas mãos.
O que está sim nas mãos do Governo é a decisão sobre o futuro do Enem: tornar ele um marco na história da educação brasileira ou uma página que deverá ser virada. Os estudantes das próximas gerações aguardam ansiosos.